Um grupo de 132 brasileiros, dos quais, 60 catarinenses, participou, de 15 a 19 de outubro, de missão empresarial à Feira de Importação e Exportação da China (Canton Fair), a mais importante feira da China, realizada na cidade chinesa de Guangzhou.
A feira teve a participação de 23,7 mil empresas de todo o mundo e a missão foi coordenada pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A missão também inclui visitas técnicas a indústrias chinesas de referência no mercado internacional e ao porto de Shangai, o maior do mundo em movimentação de cargas. Ao todo, foram mais de 150 mil produtos apresentados em um espaço de 1,6 milhão de metros quadrados, que recebeu mais de 280 mil visitantes de todo o mundo.
A Associação Comercial e Empresarial de Barracão, Dionísio Cerqueira e Bom Jesus do Sul (Ascoagrin), a convite da Fiesc, participou da feira, representada pelo diretor de Comércio, Gilmar Luiz Netto.
Gilmar destacou que a Canton Fair o impressionou por alguns aspectos, como as dimensões da feira, sua abrangência, diversidade e preços baixos, sendo a maior do mundo em feira multissetorial. “A variedade de produtos é monumental, com uma diversidade que não se encontra em outras feiras”, salientou.
Gilmar também destacou que os preços são impressionantes, na maioria dos itens, chegando à metade do preço praticado em outras regiões do mundo. “Na China, o baixo custo e a grande disponibilidade de mão de obra favorecem a competitividade, e para o Brasil produzir, com preços competitivos, precisa reduzir a carga tributária, rever a legislação trabalhista, que é arcaica e paternalista, além de melhorar a infraestrutura disponível e o o ao crédito”, enfatizou.
O incentivo à exportação foi um dos objetivos do estande Brasil na feira, que teve o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Agência de Promoção de Exportações (Apex Brasil) e China Trade Center.
No espaço, quatro empresas brasileiras expam seus produtos e prospectando novos clientes dos cinco continentes.
Gilmar explicou que a região visitada pela missão brasileira foi o Sul da China, uma região de muito desenvolvimento. Ele destacou que a infraestrutura daquela região também impressiona e as cidades, por exemplo, contam com todos os meios de transportes: rodoviário, aéreo, ferroviário e naval. “Tudo é muito rápido e com qualidade”, citou.
Ele contou que foi à China não apenas com a visão focada em “negócios”, mas procurou observar as pessoas, a convivência, a condição humana. “Os chineses são um povo culto e de muita educação. Mas, na China, apesar do grande desenvolvimento econômico, falta qualidade de vida. O povo de lá cultua fortemente os valores morais e éticos, mas é um povo focado estritamente no trabalho. A convivência, a relação humana e entretenimento, nos moldes ocidentais, são deixados de lado. Aqui no Brasil, mesmo não tendo todo esse desenvolvimento, nós temos mais qualidade de vida e mais convivência. As pessoas se conhecem conversam entre si e é necessário valorizarmos sempre mais esta nossa condição”, salientou.
Gilmar comentou também sobre a agricultura na China, onde mais de 50% da população ainda está no campo e pratica a agricultura manual. “É uma agricultura de subsistência e manual, pois se a China mecanizar sua agricultura, mais de 450 milhões de pessoas perderão seu trabalho e irão para a cidade, agravando os problemas sociais, principalmente o inchaço das cidades. Onde estivemos, não vimos favelas, elas não existiam, mas os prédios tomam conta do ambiente”.
Outro aspecto relatado por Gilmar é a intensa poluição e o descaso com o meio ambiente. “Eles jogam diretamente nos rios todos os tipos de detritos, tanto industriais quanto residenciais. Para ‘fazer’ o porto de Shangai, por exemplo, simplesmente cortaram os morros, aterraram uma baia, removeram a população de mais de três mil pescadores da ilha, e o fizeram sem se preocupar com o meio ambiente e sem perguntar se a sociedade queria. São coisas que aqui não aconteceriam. A gente percebe que há uma ‘mão de ferro’ agindo. As coisas simplesmente são decididas e feitas. Outro exemplo, em uma cidade que visitamos, havia um índice alto de assaltos praticados por motoqueiros. Eles simplesmente proibiram a circulação de motos. Tiraram as motos das ruas. O problema dos assaltos foi resolvido, mediante uma decisão radical e imposta”, citou.
Concluindo, Gilmar Netto fez uma avaliação positiva da missão, destacando a importância da mesma para agregar conhecimento pessoal, empresarial e comercial, e de visão de mundo.
Fonte: Luiz Carlos Gnoatto.: